sexta-feira, 15 de março de 2013

Tolerância Zero- Balanço Final.


   Findo o Projeto “Tolerância Zero”, é agora altura de um olhar crítico retrospetivo sobre as atividades aí desenvolvidas e ganhos alcançados.  Este Projeto teve a duração de três anos e destacou-se pela intervenção com vítimas diretas, secundárias e vicariantes, assim como pela oportunidade de apostar na promoção de comportamentos igualitários e na desconstrução de mitos e crenças enquanto estratégia, realizando ações de formação e sensibilização; ações dirigidas à comunidade em geral através de jornais e de programas de rádio.

 A intervenção multidimensional teve como pedra basilar o III Plano Nacional para a Igualdade (PNI) e o III Plano Nacional contra a Violência Doméstica (PNCVD). Em colaboração com as escolas, mães, pais encarregados de educação e as várias entidades comunitárias (instituições, serviços, agentes significativos da comunidade formais e informais).

  Neste sentido, e tendo em conta o diagnóstico de necessidades no qual assenta a formulação dos objetivos de intervenção, constituíram principais objetivos e ações do projeto os seguintes:

    • Ação 1—Intervenção e desenvolvimento psicossocial com vítimas de violência na sua generalidade, diminuindo o impacto da situação traumática, fornecendo empowerment de estratégias de resolução de problemas em situações de crise e prevenindo a revitimação. Para tal, foi preponderante a criação de uma rede interinstitucional com as competentes entidades da administração da justiça, policiais, de segurança social, da saúde, como das autarquias locais e outras entidades públicas ou particulares, na defesa e exercício efetivo dos direitos e interesses das vítimas (Área Estratégica de Intervenção 2 - Proteger as Vítimas e Prevenir a Revitimação, III PNCVD; Área IV—Violência de Género, III PNI). Objetivo concretizado através de:

               -Núcleo de Atendimento a Vítimas (diretas, secundárias e vicariantes);
               -Realização do grupo de Ajuda-mútua.


  • Ação 2—Aumentar a consciencialização pública acerca das temáticas relacionadas com a violência e igualdade, combater o problema da violência na sua raiz, ou seja, modificar muitas das crenças, linguagens e ações associadas à violência através da colmatação de necessidades de prevenção primária, secundária e terciária e de um conjunto de ações centradas no desenvolvimento de competências e forças promotoras da igualdade (Área Estratégica de Intervenção 1 -Informar, Sensibilizar e Educar, III PNCVD; Área III—Cidadania e Género, III PNI ). Objetivo concretizado através de:

            - Participação e difusão de Spot´s na rádio clube de Arganil;
            - Disponibilização de um boletim informativo (GAUDEJORNAL);
            -  Divulgação e Disseminação de Boas Práticas (e.g., execução de atividades no dia Internacional da Mulher, Dia Internacional da Eliminação da violência contra a mulher e dia dos namorados; realização de workshops e seminários no âmbito das temáticas da violência, dinamização do Blog e site a Associação).
             - Realização de ações de sensibilização nas Escolas.
  

  •Ação 3—Promoção de mudanças na atitude em relação à conciliação entre a vida profissional, familiar e pessoal tendo em vista estreitar a relação entre pais, filhos e escola. Concretização do objetivo mediante:
       
        -Realização do Clube de Mães e Pais (dinamização de workshops para o exercício da parentalidade ativa e responsável).


 Em suma, do trabalho realizado ao longo destes três anos do qual se destaca: a intervenção com 94 vítimas de violência, realização de ações de sensibilização com 380 alunos, a realização de 80 programas de rádio, 32 de sessões do Clube de mães e pais e a realizaram de vários artigos para jornais, seminários e ações de sensibilização primária, secundária e terciária,  verifica-se que a violência em todas as suas dimensões deve ser encarado como um problema público para o qual precisamos de aceitar responsabilidade coletiva. 
Como tal, a mudança no domínio sociopolítico é algo fulcral para modificar o status quo destas famílias que vivem quotidianos violentos.
Para que esta mudança seja real, é necessário incidir sobre o “adormecimento” de consciências que, frequentemente, nos leva a acreditar que ainda existe uma “cumplicidade coletiva” com o fenómeno. Foi nesta área que a componente de sensibilização e prevenção primária, secundária e terciária do projeto “Tolerância zero” incidiu, constituindo como um pequeno passo na mudança de crenças centrais.
Para além disto, uma mudança em contextos alargados (e.g., sistema educativo, media) foi uma das missões cumpridas durante estes três anos de vigência do projeto tendo em vista a consciencialização da violência como um problema criminal e não meramente individual e tão-pouco familiar. Só desta forma é possível tornar as queixas privadas em problemas sociais.



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